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domingo, 2 de setembro de 2012

Historia do Candomblé Alagoano









As religiões de matriz africana são, acima de tudo, reconstituições de seus referenciais de origem. O culto aos orixás, eguns, voduns e inkisses estava inserido dentro de determinados contextos culturais do qual o africano foi retirado pela escravidão. O ritual teve de ser adaptado a uma nova realidade cultural, embora a doutrina continuasse a mesma.

    O primeiro registro que se tem da prática do xangô em Maceió, data de 1906, uma referência jornalística ao xangô de Mestre Félix, no Jaraguá. Essa nota faz referência a duas coisas de especial interesse: Mestre Félix era “negro mina” e o ritual ocorrera no dia 24 de agosto.

    “Mina” não designa propriamente nenhuma etnia africana específica, já que esse termo fazia referência, sobretudo aos escravos trazidos do Porto de São Jorge da Mina, em Gana (mina, por exemplo, eram os “popô”, antecedentes do babalorixá baiano Manoel Falefá, de tradição jeje, e os gruncis, antecedentes de Aninha do Opô Afonjá, de tradição nagô) um dos principais locais de saída de africanos para o Brasil. O dia 24 de agosto consagrar-se-ia como um dia emblemático nas religiões afro descendentes. De acordo com a nação a qual o grupo religioso pertença esse dia é dedicado ao orixá (nagô) Exu, ao vodum (jeje) Bessem, a entidade Exu (umbanda) e aos senhores mestres (Jurema).

    Não sabemos absolutamente nada concretamente sobre a formação do xangô em Maceió. Mas é notável o modo como havia coesão no ritual quando da “reabertura” em meados da década de 1940. Os primeiros toques públicos foram dados sem engomes, apenas com o uso de abês. Foi assim que se voltaram a ver as primeiras rodas de xangô, conduzidas por Nelson no terreiro de Oxum Omiji, no Prado, por Miguel Bernardo, no sítio da já então falecida Iyalorixá Angélica, no Sovaco da Ovelha, por Dona Josefa (mãe e antecessora de Maria Omialê), no Ouricuri. É inegável que tanto tempo de silêncio tenha deixado lacunas grandes no conhecimento ritual. É provável que se tenham ficado muitos anos sem que houvessem iniciações completas aos orixás, não apenas pela perseguição policial, mas pela ausência de quase tudo o que era necessário para tal fim e a dificuldade em angariar recursos para custear esse processo.

    Apesar de todas as dificuldades criou-se um verdadeiro código de procedimento: de casa para casa os ritos seguiam um mesmo caminho. Isso talvez se deva em parte à influência de Lucrécia e Balbina, primeiros terreiros consolidados e vitrine para os demais. Lucrécia, filha de Oxum, foi uma grande parideira de iniciados. Por outro lado é possível dizer que a ação dos velhos mestres foi decisiva nesse processo de formalização. Sete dentre eles se destacaram: Cornélio, Amaro, Simeão, Obeorde, Chico Foguinho, Aurélio Manuel do Ó e Benedito Brás Carneiro.

        Alguns deles nem chegaram a reabrir suas casas após a perseguição, mantendo apenas um culto familiar, interno. Eram considerados “negros da costa”, por serem descendentes de africanos e falantes do ioruba, e eram tidos como Oxós (o dono do encantamento). Esses senhores seriam os fundadores da primeira federação de cultos afro na cidade, que articulou o povo de santo na conquista de um decreto do então governador Silvestre Péricles que garantia o funcionamento dos xangôs desde que filiados à federação. A mesma exerceu uma função de reguladora, inclusive testando o conhecimento dos candidatos a abrir xangô.   * Paulo Victor de Oliveira, Núcleo de Cultura Afro-brasileira Iyá Ogunté.

        O desenvolvimento dos terreiros na cidade seguiu o trato lagunar da ocupação urbana popular, difundindo-se com por novos logradouros na parte alta da cidade num movimento iniciado em plena zona central da capital ainda no século XIX.

    Até meados do século XX, a grande concentração dos terreiros se deu na cidade baixa, em bairros como a ponta grossa, a Levada e o Poço. A partir da década de 1950, com os novos bairros populares da parte alta da cidade como o Jacintinho e a extensão de Bebedouro rumo ao tabuleiro ( Chã de Bebedouro e Chã da Jaqueira) e, ao mesmo tempo, com o adensamento de antigas e marginais áreas da parte baixa, como a Ponta da Terra e o Vergel do Lago, é que as religiões afro-brasileira se expandem enormemente. (CAVALCANTI; ROGÉRIO, 2008)



Distribuição dos Terreiros por bairros na Capital:



ANTARES



BARRO DURO

BEBEDOURO

BENEDITO BENTES

BOM PARTO

CANAÃ

CENTRO

CHÃ DE BEBEDOURO

CHÃ DA JAQUEIRA

CIDADE UNIVERSITÁRIA

CLIMA BOM

CRUZ DAS ALMAS

FAROL

FEITOSA

FERNÃO VELHO

GARÇA TORTA

GRUTA DE LOURDES

GUAXUMA

IPIOCA

JACARECICA

JACINTINHO

JARAGUÁ

JARDIM PETRÓPOLIS

JATIÚCA

LEVADA

MANGABEIRAS

MUTANGE

OURO PRETO

PAJUÇARA

PESCARIA

PETRÓPOLIS

PINHEIRO

PITANGUINHA

POÇO

PONTA DA TERRA

PONTA GROSSA

PONTA VERDE

PONTAL DA BARRA

PRADO

RIACHO DOCE

RIO NOVO

SANTA AMÉLIA

SANTA LÚCIA

SANTO AMARO

SANTOS DUMONT

SÃO JORGE

SERRARIA



TABULEIRO DO MARTINS



TRAPICHE DA BARRA



VERGEL DO LAGO

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